Algumas coisas não podiam morrer

Simon

Por força do hábito de tanto em tanto faço uma limpeza nas minhas coisas para dispensar tudo aquilo que já não tem utilidade. Esta semana, revirando papeis, documentos e quinquilharia, encontrei uma preciosidade: um cartão plastificado assinado pelo Comandante Rolim Adolfo Amaro, aquela figura carismática que marcou época criando uma companhia aérea a partir de uma carreira iniciada como piloto.

Na realidade, a mim parece que o Comandante Rolim não criou uma transportadora aérea como eram as outras. Ele criou um mito. Algo completamente desigual. Criou a TAM – Transportes Aéreos Marília – com aviões defasados em relação aos concorrentes: a poderosa VARIG, a estatal VASP e a cambaleante TRANSBRASIL. Todas hoje desaparecidas.

Começou como empresa regional cujas aeronaves só permitiam 10 kg de bagagem por passageiro comparado aos 20 kg das demais companhias; o desconforto a bordo era maior do que nas concorrentes; os destinos limitados e, para culminar, a passagem era mais cara!

Era preciso contrariar todos os princípios lógicos para imaginar que uma empresa partindo de tão significativas desvantagens – e num mercado tão duro e competitivo – pudesse sobreviver. Teimosamente a TAM não apenas sobreviveu, mas nos anos seguintes se tornou a empresa líder, a mais bem-sucedida, o exemplo a servir de modelo.

E como foi que o Comandante Rolim fez isso?

Contrariando as práticas dos concorrentes !

Concentrou o principal foco da sua estratégia em Sua Majestade o Cliente e na convicção que este retribuiria com sua preferência e sua fidelidade !

Transformou o seu discurso em prática e contaminou todos os colaboradores da empresa com o mesmo propósito.

Era visto frequentemente na primeira hora da manhã em Congonhas conversando com seus passageiros nas filas de embarque e agradecendo a escolha da TAM.

Se tornou o exemplo para seus funcionários humildemente conferindo passagens ou ajudando a carregar pequenos volumes dos clientes até o check-in.

Criou símbolos evidentes para que ninguém duvidasse do seu comprometimento. A presença do comandante do avião ereto no pé da escada ao lado do tapete vermelho, que certamente custava pouco mas simboliza muito, personificava claramente a promessa explicitada na Missão da Empresa à época: “com o nosso trabalho e com o nosso espírito de servir, fazer as pessoas felizes”. E o resto virou história!

Em reconhecimento ao Comandante Rolim, ao que à época tenazmente realizou e principalmente ao que ele pretendeu transmitir – e que me parece ter morrido – me permito reproduzir o 7o dos 7 mandamentos que escreveu enquanto Presidente da TAM: QUEM NÃO TEM INTELIGÊNCIA PARA CRIAR TEM QUE TER CORAGEM PARA COPIAR.”

Casos e exemplos como este não são poucos, mas acabam fatalmente enterrados embaixo da monumental cobrança que pesa cotidianamente sobre os ombros das empresas e de seus gestores. Mas isso não pode servir de desculpa para esquecerem que sem o cliente, sem o consumidor, sem o usuário e sem executivos e funcionários engajados – e não apenas comprometidos –  o seu negócio não prosperará.

Simon M. Franco
é o CEO da Simon Franco Recursos Humanos
Executive Search, Executive  Counseling, Sucessão Familiar
simon.franco@simonfranco.com.br

Algumas coisas não podiam morrer

Simon

Por força do hábito de tanto em tanto faço uma limpeza nas minhas coisas para dispensar tudo aquilo que já não tem utilidade. Esta semana, revirando papeis, documentos e quinquilharia, encontrei uma preciosidade: um cartão plastificado assinado pelo Comandante Rolim Adolfo Amaro, aquela figura carismática que marcou época criando uma companhia aérea a partir de uma carreira iniciada como piloto.

Na realidade, a mim parece que o Comandante Rolim não criou uma transportadora aérea como eram as outras. Ele criou um mito. Algo completamente desigual. Criou a TAM – Transportes Aéreos Marília – com aviões defasados em relação aos concorrentes: a poderosa VARIG, a estatal VASP e a cambaleante TRANSBRASIL. Todas hoje desaparecidas.

Começou como empresa regional cujas aeronaves só permitiam 10 kg de bagagem por passageiro comparado aos 20 kg das demais companhias; o desconforto a bordo era maior do que nas concorrentes; os destinos limitados e, para culminar, a passagem era mais cara!

Era preciso contrariar todos os princípios lógicos para imaginar que uma empresa partindo de tão significativas desvantagens – e num mercado tão duro e competitivo – pudesse sobreviver. Teimosamente a TAM não apenas sobreviveu, mas nos anos seguintes se tornou a empresa líder, a mais bem-sucedida, o exemplo a servir de modelo.

E como foi que o Comandante Rolim fez isso?

Contrariando as práticas dos concorrentes !

Concentrou o principal foco da sua estratégia em Sua Majestade o Cliente e na convicção que este retribuiria com sua preferência e sua fidelidade !

Transformou o seu discurso em prática e contaminou todos os colaboradores da empresa com o mesmo propósito.

Era visto frequentemente na primeira hora da manhã em Congonhas conversando com seus passageiros nas filas de embarque e agradecendo a escolha da TAM.

Se tornou o exemplo para seus funcionários humildemente conferindo passagens ou ajudando a carregar pequenos volumes dos clientes até o check-in.

Criou símbolos evidentes para que ninguém duvidasse do seu comprometimento. A presença do comandante do avião ereto no pé da escada ao lado do tapete vermelho, que certamente custava pouco mas simboliza muito, personificava claramente a promessa explicitada na Missão da Empresa à época: “com o nosso trabalho e com o nosso espírito de servir, fazer as pessoas felizes”. E o resto virou história!

Em reconhecimento ao Comandante Rolim, ao que à época tenazmente realizou e principalmente ao que ele pretendeu transmitir – e que me parece ter morrido – me permito reproduzir o 7o dos 7 mandamentos que escreveu enquanto Presidente da TAM: QUEM NÃO TEM INTELIGÊNCIA PARA CRIAR TEM QUE TER CORAGEM PARA COPIAR.”

Casos e exemplos como este não são poucos, mas acabam fatalmente enterrados embaixo da monumental cobrança que pesa cotidianamente sobre os ombros das empresas e de seus gestores. Mas isso não pode servir de desculpa para esquecerem que sem o cliente, sem o consumidor, sem o usuário e sem executivos e funcionários engajados – e não apenas comprometidos –  o seu negócio não prosperará.

 

Simon M. Franco
é o CEO da Simon Franco Recursos Humanos
Executive Search, Executive  Counseling, Sucessão Familiar
simon.franco@simonfranco.com.br