Cuidado com os canibais

Simon

Depois de um extensivo processo de recrutamento com entrevistas, testes, dinâmicas, referências, uma grande empresa contratou um grupo de canibais. “Agora vocês fazem parte de uma grande equipe”, disse o diretor de RH, durante a cerimônia de boas vindas. “Vocês vão desfrutar de todos os benefícios da empresa. Podem, por exemplo, ir à nossa lanchonete quando quiserem comer alguma coisa. Só peço que não comam os outros empregados.”

Quatro semanas mais tarde, o diretor de RH os chamou. “Vocês estão trabalhando duro e eu estou satisfeito, mas a senhora do cafezinho desapareceu. Algum de vocês sabe o que pode ter acontecido?” Todos os canibais negaram com a cabeça. Depois que o chefe foi embora, o líder canibal pergunta: “Quem foi o idiota que comeu a senhora do café?” Um deles, timidamente, ergue a mão. O líder segue: “Mas você é um asno, mesmo! Quatro semanas comendo gerentes e ninguém percebeu nada. Mas não, você tinha de estragar tudo e comer justo a senhora do café!”

Nem tudo é só história

Essa historinha, que recebi de um amigo por e-mail, faz um retrato engraçado e cruel do mundo corporativo. Ela nos leva a uma reflexão urgente: você faz falta na sua empresa? Esta é uma questão chave para a carreira. Não basta dizer que você faz tudo certo, é um bom profissional, que os diretores gostam de você. Pergunte-se: se eu saísse da empresa, ela teria problemas com a minha ausência? Ou de modo mais imediato, no seu dia-a-dia: o que eu fiz hoje que só eu poderia fazer aqui dentro, qual foi a marca pessoal que eu deixei, qual foi minha contribuição indispensável para os negócios? Parece megalomania, mas de fato esse é o ambiente da verdadeira competitividade. Ele não significa “deixar os outros para trás”, mas estar sempre na frente e tornar-se indispensável, sob o risco de ser engolido, desaparecer da empresa e ninguém dar por sua falta.

Importante não é quem você conhece, mas quem conhece você

Na história, a senhora do cafezinho, ao desaparecer, colocou em risco o banquete farto dos canibais. Por quê? Diariamente, em vários momentos, ela era requisitada e fornecia um produto que atendia a necessidades reais da organização. A falta do café seria imediatamente notada por todos. Diferentemente do trabalho de muitos gerentes dessa empresa, cuja ausência ninguém percebeu. Esses canibais funcionaram como agentes de downsizing, praticaram uma reengenharia antropofágica.

Não acredite que seja absurdo um gerente parecer menos indispensável do que a senhora do cafezinho. Há muito gerentes que não “entregam nada”, não fornecem nenhum produto palpável e visível para a organização. É claro que pode haver uma grande injustiça aqui: muitas funções, por suas próprias características, consistem em manter a máquina funcionando, zelar pelas rotinas, processos e procedimentos. O “produto” é não haver problemas. Isso é verdade, e é uma armadilha, que pode colocá-lo na mesa dos canibais corporativos.

Diga a que veio

Trate de mostrar resultados, sirva “um cafezinho” todos os dias, seja qual for o caráter de sua função dentro da empresa. Você precisa agir e tornar visíveis suas ações – vale aqui o ditado de que é preciso técnica e também pirotécnica. Não fique tranquilo achando que está fazendo tudo direito. Uma das lições da historinha acima é que a percepção dos outros é fundamental para sua sobrevivência: ser notado e considerado indispensável. Sua função é de “rotinas”? Proponha inovações, encontre meios mais rápidos e eficazes de desempenhar as tarefas, gere economia e produtividade. Você já faz isso? Zele para que os resultados alcançados sejam creditados a você, não tenha medo de se expor. Aja sempre como se houvesse um canibal interessado em você. Porque provavelmente já há algum seguindo silenciosamente seus passos.

simon.franco@simonfranco.com.br
SIMON FRANCO RECURSOS HUMANOS

Cuidado com os canibais

Simon

Depois de um extensivo processo de recrutamento com entrevistas, testes, dinâmicas, referências, uma grande empresa contratou um grupo de canibais. “Agora vocês fazem parte de uma grande equipe”, disse o diretor de RH, durante a cerimônia de boas vindas. “Vocês vão desfrutar de todos os benefícios da empresa. Podem, por exemplo, ir à nossa lanchonete quando quiserem comer alguma coisa. Só peço que não comam os outros empregados.”

Quatro semanas mais tarde, o diretor de RH os chamou. “Vocês estão trabalhando duro e eu estou satisfeito, mas a senhora do cafezinho desapareceu. Algum de vocês sabe o que pode ter acontecido?” Todos os canibais negaram com a cabeça. Depois que o chefe foi embora, o líder canibal pergunta: “Quem foi o idiota que comeu a senhora do café?” Um deles, timidamente, ergue a mão. O líder segue: “Mas você é um asno, mesmo! Quatro semanas comendo gerentes e ninguém percebeu nada. Mas não, você tinha de estragar tudo e comer justo a senhora do café!”

Nem tudo é só história

Essa historinha, que recebi de um amigo por e-mail, faz um retrato engraçado e cruel do mundo corporativo. Ela nos leva a uma reflexão urgente: você faz falta na sua empresa? Esta é uma questão chave para a carreira. Não basta dizer que você faz tudo certo, é um bom profissional, que os diretores gostam de você. Pergunte-se: se eu saísse da empresa, ela teria problemas com a minha ausência? Ou de modo mais imediato, no seu dia-a-dia: o que eu fiz hoje que só eu poderia fazer aqui dentro, qual foi a marca pessoal que eu deixei, qual foi minha contribuição indispensável para os negócios? Parece megalomania, mas de fato esse é o ambiente da verdadeira competitividade. Ele não significa “deixar os outros para trás”, mas estar sempre na frente e tornar-se indispensável, sob o risco de ser engolido, desaparecer da empresa e ninguém dar por sua falta.

Importante não é quem você conhece, mas quem conhece você

Na história, a senhora do cafezinho, ao desaparecer, colocou em risco o banquete farto dos canibais. Por quê? Diariamente, em vários momentos, ela era requisitada e fornecia um produto que atendia a necessidades reais da organização. A falta do café seria imediatamente notada por todos. Diferentemente do trabalho de muitos gerentes dessa empresa, cuja ausência ninguém percebeu. Esses canibais funcionaram como agentes de downsizing, praticaram uma reengenharia antropofágica.

Não acredite que seja absurdo um gerente parecer menos indispensável do que a senhora do cafezinho. Há muito gerentes que não “entregam nada”, não fornecem nenhum produto palpável e visível para a organização. É claro que pode haver uma grande injustiça aqui: muitas funções, por suas próprias características, consistem em manter a máquina funcionando, zelar pelas rotinas, processos e procedimentos. O “produto” é não haver problemas. Isso é verdade, e é uma armadilha, que pode colocá-lo na mesa dos canibais corporativos.

Diga a que veio

Trate de mostrar resultados, sirva “um cafezinho” todos os dias, seja qual for o caráter de sua função dentro da empresa. Você precisa agir e tornar visíveis suas ações – vale aqui o ditado de que é preciso técnica e também pirotécnica. Não fique tranquilo achando que está fazendo tudo direito. Uma das lições da historinha acima é que a percepção dos outros é fundamental para sua sobrevivência: ser notado e considerado indispensável. Sua função é de “rotinas”? Proponha inovações, encontre meios mais rápidos e eficazes de desempenhar as tarefas, gere economia e produtividade. Você já faz isso? Zele para que os resultados alcançados sejam creditados a você, não tenha medo de se expor. Aja sempre como se houvesse um canibal interessado em você. Porque provavelmente já há algum seguindo silenciosamente seus passos.

simon.franco@simonfranco.com.br
SIMON FRANCO RECURSOS HUMANOS